quarta-feira, 10 de novembro de 2010

TÉCNICOS GAÚCHOS DOMINAM O CENÁRIO NACIONAL


PINTOU PROBLEMA NO SEU TIME? CHAMA UM GAÚCHO
Fotos: Renato Pizzutto | Luiz Pires/VIPCOMM | Juliana Flister/VIPCOMM

Os treinadores do Rio Grande do Sul têm sido protagonistas no cenário nacional. O trio de ferro paulista já usa — e muito — os seus serviços

Técnicos do Rio Grande do Sul estão dominando o futebol brasileiro. A seleção, os clubes de Porto Alegre e o trio de ferro paulistano são comandados por gaúchos.

Celso Roth, vice-campeão brasileiro pelo Grêmio em 2008, papou a Libertadores deste ano pelo Inter. Felipão, pentacampeão mundial em 2002, fez um sólido trabalho em Portugal, chegou a dirigir o Chelsea e hoje treina novamente o Palmeiras, onde foi campeão da Libertadores em 1999. Tite, comandante dos centenários da dupla Gre-Nal, está recolocando o Corinthians nos trilhos. O mesmo faz Carpegiani pelo São Paulo.

A seleção, depois de quatro anos com o esquentado — e gaúcho — Dunga, convidou Mano Menezes, idolatrado por gremistas e corintianos, para ser seu sucessor. Até Renato Portaluppi, que teve sua alma gaúcha enfraquecida pelo sol de Copacabana e pela noite da capital fl uminense, está voltando às origens e fazendo uma campanha redentora com o Grêmio.

Luís Augusto Fischer, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autor dos livros Dicionário de Porto-Alegrês e Bá, Tchê, sobre a forma de falar, de pensar e de viver dos gaúchos, crê que o estilo do treinador sulista está ligado ao estilo de vida da região. “Muitos começaram no interior, que é povoado por descendentes de italianos. Esses caras têm um ética de trabalho, denodo e aplicação muito fortes; preferem o esforço ao talento. A vida é bastante pragmática e não tem essa de ‘relaxar e gozar’.”

A preferência por jogadores abnegados em lugar de talentosos relapsos também é inerente ao treinador gaúcho: “Aqui temos uma tradição mais militar de jogar, há uma submissão ao conjunto e entrega coletiva. O Roth, quando treinava o Grêmio em 1999, deixou Ronaldinho no banco porque ele não jogava tanto para o time”, recorda Fischer.

Receita para um bom técnico gaúcho

1. Seja formado em educação física, assim como Tite, Felipão, Mano e Roth. Vai ajudar a montar equipes vigorosas fisicamente e a treinar algum clube do interior do RS.

2. Uma vez no comando do clube do interior, faça um bom Gauchão. Se puder conquistar o título em cima de um grande, como Tite em 2000, perfeito. O Grêmio abrirá as portas.

3. Tenha especial atenção às competições mata-matas; os gaúchos adoram esse tipo de torneio. Felipão faturou uma Libertadores e uma Copa do Brasil.

4. Incuta disciplina tática e espírito de abnegação nos jogadores. Faça com que marquem forte e se doem pelo time, como em resultados heroicos, como na Batalha dos Aflitos.

5. Não tenha medo do craque. Se for preciso, faça-o marcar, voltar para ajudar na defesa e pensar no time. Se fizer cara feia ou reclamar de substituições, mostre quem é o técnico.

6. Nunca perca a ligação afetiva com o time de sua terra, pois assim sempre poderá voltar — mesmo que nunca tenha treinado um clube do Sul, como fez Renato Gaúcho no Grêmio.

FONTE: PEDRO PROENÇA-JORNAL PLACAR

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