ESPORTIVO PODE PERDER TRÊS PONTOS POR ATOS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA ÁRBITRO EM BENTO GONÇALVES
FOTO: DIEGO VARA
ÁRBITRO MÁRCIO CHAGAS TEVE SEU CARRO DANIFICADO
EM BENTO GONÇALVES E SOFREU DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Aos 37 anos, o árbitro
Márcio Chagas da Silva habituou-se a ouvir barbaridades como "macaco
imundo", "preto safado" e "tem que matar essa negrada". Sabe que a
barbaridade maior é ele próprio já considerar normal essa torrente de
insultos. Mas ou ele abstrai, ou desmorona.
Na noite de quarta-feira, depois do jogo entre Esportivo e
Veranópolis, em Bento Gonçalves, a blindagem de Márcio ruiu: sentiu
vontade de chorar quando encontrou seu carro amassado e riscado, com
bananas espalhadas sobre a lataria. Durante a partida, já havia sido
xingado de macaco pela torcida do Esportivo. Fotografou o Peugeot preto
antes da viagem de volta a Porto Alegre, entrou no veículo e, ao
arrancar, ouviu um estouro no escapamento: havia mais bananas no cano de
descarga.
— Percebi que corria um risco grave, que poderiam ter feito algo
muito pior comigo. Não teve nenhuma polêmica no campo, o Esportivo até
ganhou (3 a 2). Mesmo assim, torcedores gritavam "preto ladrão" e "volta
para a selva" o tempo todo — conta Márcio Chagas, que apitou as duas
últimas decisões do Gauchão e é árbitro especial na classificação da
CBF.
No Rio Grande do Sul, o caso Márcio Chagas também parece reflexo de uma
legislação permissiva. Em 2011, no Gre-Nal que decidiu o Gauchão, o meia
colorado Zé Roberto foi insultado por parte da torcida do Grêmio, no
Olímpico, com gritos que evocavam primatas. O então vice-presidente de
futebol do Inter, Roberto Siegmann, exigiu que o atleta prestasse queixa
na delegacia — e o clube entrou com uma representação contra o Grêmio
na Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
Em nota oficial, o Esportivo prometeu investigar o episódio. O
vice-presidente jurídico, Rodrigo Terra, analisou as fotos e garantiu
que não foram feitas nas dependências do clube. Já o presidente da FGF,
Francisco Novelletto, após ouvir uma série de pessoas, disse a ZH que
foram, sim.
INFORMAÇÕES: PAULO GERMANO
Marcadores: ÁRIBTRO, BENTO GONÇALVES, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, ESPORTIVO, FGF, futebol de campo, GAUCHÃO 2014, MÁRCIO CHAGAS DA SILVA, PRECONCEITO
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