sexta-feira, 7 de março de 2014

ESPORTIVO PODE PERDER TRÊS PONTOS POR ATOS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA ÁRBITRO EM BENTO GONÇALVES

Vítima de preconceito na Serra, árbitro Márcio Chagas já se acostumou a ofensas racistas Diego Vara/Agencia RBS 
FOTO: DIEGO VARA
ÁRBITRO MÁRCIO CHAGAS TEVE SEU CARRO DANIFICADO 
EM BENTO GONÇALVES E SOFREU DISCRIMINAÇÃO RACIAL

Aos 37 anos, o árbitro Márcio Chagas da Silva habituou-se a ouvir barbaridades como "macaco imundo", "preto safado" e "tem que matar essa negrada". Sabe que a barbaridade maior é ele próprio já considerar normal essa torrente de insultos. Mas ou ele abstrai, ou desmorona.

Na noite de quarta-feira, depois do jogo entre Esportivo e Veranópolis, em Bento Gonçalves, a blindagem de Márcio ruiu: sentiu vontade de chorar quando encontrou seu carro amassado e riscado, com bananas espalhadas sobre a lataria. Durante a partida, já havia sido xingado de macaco pela torcida do Esportivo. Fotografou o Peugeot preto antes da viagem de volta a Porto Alegre, entrou no veículo e, ao arrancar, ouviu um estouro no escapamento: havia mais bananas no cano de descarga.

— Percebi que corria um risco grave, que poderiam ter feito algo muito pior comigo. Não teve nenhuma polêmica no campo, o Esportivo até ganhou (3 a 2). Mesmo assim, torcedores gritavam "preto ladrão" e "volta para a selva" o tempo todo — conta Márcio Chagas, que apitou as duas últimas decisões do Gauchão e é árbitro especial na classificação da CBF.

No Rio Grande do Sul, o caso Márcio Chagas também parece reflexo de uma legislação permissiva. Em 2011, no Gre-Nal que decidiu o Gauchão, o meia colorado Zé Roberto foi insultado por parte da torcida do Grêmio, no Olímpico, com gritos que evocavam primatas. O então vice-presidente de futebol do Inter, Roberto Siegmann, exigiu que o atleta prestasse queixa na delegacia — e o clube entrou com uma representação contra o Grêmio na Federação Gaúcha de Futebol (FGF).

Em nota oficial, o Esportivo prometeu investigar o episódio. O vice-presidente jurídico, Rodrigo Terra, analisou as fotos e garantiu que não foram feitas nas dependências do clube. Já o presidente da FGF, Francisco Novelletto, após ouvir uma série de pessoas, disse a ZH que foram, sim.

INFORMAÇÕES: PAULO GERMANO

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