HISTÓRIA DOS CLUBES(PARTE 3)
Fundação: 26 de agosto de 1914 São Paulo-SPEstádio: Palestra Itália
Capacidade: 29.173 pessoas
Presidente: Affonso Della Monica
Site oficial: www.palmeiras.com.br
JÁ DESTACAMOS O INTER,O GRÊMIO E,HOJE DESTACAMOS A HISTÓRIA DO VERDÃO
CUJO SEU MASCOTE ERA O PAPAGAIO,ANOS DEPOIS,SE OFICIALIZOU O PORCO COMO
MASCOTE OFICIAL.
Sociedade Esportiva Palmeiras
A fama de São Paulo de lugar mais italiano do mundo fora da própria Itália não vem de hoje: no início do século 20, a presença da colônia já era massiva e colaborava para o desenvolvimento da maior cidade do Brasil – sobretudo trabalhando nas fábricas e indústrias, que na época ainda se concentravam dentro da capital paulista. Aquele grupo já tinha identidade, tinha uma própria cara, e em 26 de agosto de 1914 passou a ter o seu próprio time de futebol. Um grupo de representantes da colônia italiana em São Paulo, formado sobretudo por funcionários das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, se juntou para criar o Palestra Itália.
Desde a primeira vitória, em janeiro de 1915 contra o Savóia, em Votorantim, o Palestra nasceu já com cara de sucesso, tanto que um ano depois comemorou sua aceitação na APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e, como conseqüência, sua participação no Campeonato Paulista de futebol daquele ano. Em sua segunda participação, em 1917, o time – que na época, além do alviverde tinha ainda o vermelho, como a bandeira da Itália – terminou com o vice-campeonato e inaugurou com vitória a história do clássico mais famoso do Estado: derrotou o Corinthians por 3 x 0, com três gols de Caetano Izzo.
Com o começo da década de 20, o patamar do Palestra Itália subiu claramente um degrau: por 500 contos de réis, o clube comprou o terreno onde hoje estão o estádio Palestra Itália e a sede social. Poucos meses depois, sob o comando do artilheiro de Bianco e de Heitor Marcelino - até hoje recordista de gols com a camisa da equipe - comemorou seu primeiro título de campeão paulista, ao derrotar na partida decisiva o Paulistano por 2 x 1. Passou a ser uma constante: o mesmo Heitor, junto de Domingues, foi artilheiro do torneio de 1926, quando o clube voltou a levantar a taça. Em 27, veio a terceira conquista. Essas duas últimas foram numa época em que o futebol paulista passou por uma cisão, graças à chegada inevitável do profissionalismo: o Palestra venceu os torneios da APEA, enquanto o título da Liga Amadora de Futebol ficou com o Paulistano. Os anos 30 começaram numa toada ainda mais vitoriosa, com o tricampeonato paulista 32-34 e um embrionário Tornieo Rio-São Paulo, conquistado graças em boa parte aos gols de Romeu Pelicciari, e mais um troféu estadual em 36, quando pela primeira vez o Palestra Itália decidiu um título contra o rival Corinthians.
O goleirão Oberdan Cattani (centro) O início dos anos 40 só pode ser associado a um fato, a Segunda Guerra Mundial, que teve conseqüências diretas também para o Palestra Itália. Por um decreto do presidente Getúlio Vargas, nenhuma agremiação ou associação brasileira poderia fazer referências a países estrangeiros em seu nome. Em março de 1942, portanto, o Palestra Itália alterou seu nome para Palestra de São Paulo. Mas, para alguns, pareceu pouco: queriam mais distância do nome que àquela altura já era sinônimo da colônia italiana em São Paulo. E, em 14 de setembro de 42, no meio do Campeonato Paulista, o Palestra finalmente oficializa o nome Palmeiras e as cores, verde e branco. Que nasceu de forma insuperável: a primeira partida, seis dias depois, foi uma vitória por 3 x 1 sobre o São Paulo, que valeu o título paulista de 42. O Palmeiras alinhava uma das maiores equipes de sua história, já com o goleiraço Oberdan Cattani, Zezé Procópio, Waldemar Fiúme e o argentino Echevarrieta.
Rodrigues e Jair da Rosa Pinto
O Palmeiras montava ali um esquadrão que ainda levaria os títulos paulistas de 44 e 47 e se juntaria a uma nova geração de craques: era a base do grupo que, já comandado por Osvaldo Brandão, no início dos anos 50 encantou o Brasil e, à distância, o mundo. Os campeões paulistas de 1950 não se contentaram com o sucesso dentro do Estado de São Paulo e partiram para a disputa do Rio-São Paulo do ano seguinte dispostos a mostrar sua força. Por causa do título conquistado com duas vitórias sobre o Corinthians, o Verdão recebeu o convite por parte da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, precursora da CBF), para disputar a Copa Rio de 1951: um torneio envolvendo oito equipes da Europa e da América do Sul, que foi um verdadeiro precursor do Mundial de Clubes. Após um empate em 2 x 2 contra a Juventus de Turim, o esquadrão que tinha Liminha, Aquiles, Rodrigues e o grande Jair da Rosa Pinto, sagrou-se campeão. De certa forma, campeão do mundo. Tanto tempo de discussão depois, até hoje a FIFA não considera aquela conquista como um autêntico título mundial.
O "Divino" Ademir da Guia
Os palmeirenses montavam uma base sólida que lhe permitiu ser um dos únicos clubes brasileiros que continuou com status de vencedor dentro do País, mesmo durante os anos do Santos de Pelé. Em 1959, por exemplo, um gol de Romeiro e outro de Julinho Botelho deram a vitória por 2 x 1 que garantiu o título paulista ao Verdão diante do Santos. Também, não era por acaso: aquela equipe tinha Valdir Joaquim de Moraes como goleiro, Djalma Santos na lateral-direta, além de Valdemar Carabina, Geraldo Scotto e Chinesinho. O mesmo grupo levantou ainda a Taça Brasil de 1960. Eram os primeiros passos daquela que, a partir de então, passaria a ser conhecida simplesmente como “A Academia” – de tanto que sabiam de bola os integrantes do time. Faltava apenas a chegada de mais alguns nomes, entre eles um dos grandes ícones do clube: o “Divino” Ademir da Guia. Com boa parte daquela base campeão em 59 e 60, mais ele, Dudu, Servílio e Tupãzinho, estava formado um dos maiores times da história do futebol brasileiro. Os campeões paulistas de 63 tinham tanto respaldo no país todo que, para uma partida comemorativa no Mineirão, em 65, a Seleção Brasileira foi representada inteiramente pelo Palmeiras: jogadores, comissão técnica, tudo. Com gols de Julinho Botelho, Rinaldo e Tupãzinho, o time campeão do Rio-São Paulo daquele ano marcou 3 x 0 sobre o Uruguai. Nos anos seguintes, a Academia ainda colecionou o Paulista de 66 e, em 67, duas imensas conquistas: o Torneio Roberto Gomes Pedrosa e a Taça Brasil.
Equipe do Palmeiras que respresentou a seleção brasileira contra o Uruguai
Poucos clubes até hoje conseguiram fazer de forma tão suave a transição de uma grande geração para outra: na medida em que alguns membros da primeira Academia deixavam o time, a reposição era feita em alto nível: o ano de 69 marcou a conquista de mais um Roberto Gomes Pedrosa, com vitória sobre o Cruzeiro.
O goleiro Emerson Leão
Entre aqueles campeões já estavam Leão, César Maluco e Luís Pereira. Com eles, mais Dudu, Ademir da Guia, Alfredo Mostarda e Leivinha, o Palmeiras faz uma temporada de 72 esplendorosa e, além do Paulista, conquista a segunda edição do Campeonato Brasileiro, sobre o Botafogo. É a mesmíssima equipe que, em 73, conquistou o bicampeonato brasileiro sobre o São Paulo e que, no ano seguinte, prolongou um jejum de títulos do Corinthians que já somava 20 anos. A era Ademir da Guia ainda rendeu um novo título, o do Paulista de 76 – sob o comando de Dudu no banco de reservas e com Jorge Mendonça como outro destaque. Foi uma despedida triste, que só se tornaria mais e mais melancólica na medida em que os anos seguintes se passavam.
Dessas coisas curiosas do futebol: o ano em que o rival Corinthians quebrou seu jejum de 23 anos sem título foi exatamente o primeiro ano da secura palmeirense. Após o título de 76, o Verdão viveu uma penúria: disputou a Taça de Prata, equivalente à segunda divisão do Campeonato Brasileiro, em 1981, e amargou uma série inacreditável de equipes fracas até 1986, quando tudo dava a impressão de que o jejum finalmente acabaria. Foi na época em que o apelido “porco” foi finalmente assumido de bom grado pelo clube e pela torcida. Estava tudo pronto para o Palmeiras derrotar a Internacional de Limeira e voltar a ser campeão após dez anos: Toninho, Edmar, Éder Mirandinha e Jorginho estavam prontos para ser a cara daquela conquista, mas, em vez disso, as imagens na memória do palmeirense são as da falha do lateral Denys e a do gol do artilheiro limeirense Kita: uma surpreendente vitória por 2 x 1 prolongou o sofrimento até a entrada da década de 90.
Evair deixa sua marca na final do Brasileiro de 1993 contra o Vitória-BA
A solução não foi outra mudança formal no nome do clube, mas a inclusão de uma palavra no vocabulário básico do palmeirense. Uma parceria de patrocínio transformou a marca italiana de laticínios Parmalat quase em sinônimo de Palmeiras. O futebol do clube passou a ser co-gerido pela empresa, e à parte de quaisquer críticas que se pudesse fazer àquele modelo, a verdade é que montou-se uma equipe fabulosa. E, o mais importante, uma equipe que acabou com a falta de títulos. Vanderlei Luxemburgo comandou o time campeão paulista de 93, que acabou com o jejum de uma forma indiscutível (e deliciosa): 4 x 0 sobre o Corinthians (três no tempo normal e um na prorrogação). Com Sérgio, Mazinho, Antônio Carlos, Roberto Carlos, César Sampaio, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair, era mesmo difícil aparecer alguém que desafiasse aquele time. Naquele mesmo ano, o Corinthians ainda foi vítima na final do Rio-São Paulo, e o Vitória-BA foi o adversário na conquista do terceiro título brasileiro da história. Em 94, após conquistar o Paulistão com antecedência, o Palmeiras volta a enfrentar os rivais corintianos numa final, desta vez do Campeonato Brasileiro. Com Velloso, Cléber, Flávio Conceição e Rivaldo na equipe, o Verdão se torna tetracampeão nacional.
Rivaldo e Luisão no ataque dos 100 golsApesar de aquela equipe ter se desfeito, o investimento do patrocinador era garantia de que o Palmeiras seguiria mantendo o nível – quando não aumentando. Durou apenas um Campeonato Paulista, mas ainda assim o time de 1996 é um dos mais lembrados em qualquer eleição de melhor equipe alviverde de todos os tempos, graças ao “ataque dos 100 gols”, formado por Rivaldo, Djalminha, Luizão e Müller. No ano seguinte, o treinador já era outro - Luiz Felipe Scolari – e a equipe, idem. Felipão fez as coisas à sua maneira, inclusive trazendo para o Pamleiras vários integrantes da equipe que venceu a Libertadores em 95 (eliminando o próprio Palmeiras em dois jogos inacreditáveis: 5 x 0 no Olímpico e 1 x 5 no Palestra Itália). Com Arce, Roque Júnior, Galeano, Rogério, Paulo Nunes, Oséas e o craque Alex, o time levou a Copa do Brasil em 98, ao derrotar o Cruzeiro - mesmo adversário da conquista da Copa Mercosul, no segundo semestre do mesmo ano.
A campanha valeu um lugar na Libertadores da América do ano seguinte, e a chance de cumprir um sonho e tornar o sucesso do Verdão coisa internacional. Reforçado pelos veteranos ídolos Evair e César Sampaio e já com Marcos como dono da camisa 1, o Palmeiras de Felipão eliminou o Corinthians nas quartas-de-final, nos pênaltis, passou pelo River Plate nas semis e, novamente na decisão por pênaltis, derrotou o Deportivo Cali da Colômbia.
Marcos comemora o título da Libertadores de 1999, vencida nos pênaltis
Palmeiras campeão da América, mas não do mundo: o Manchester United de Paul Scholes, Ryan Giggs e Roy Keane acabou com a aventura no Japão. No ano seguinte, outra grande campanha na Libertadores, que incluiu outra eliminação do rival Corinthianas nos pênaltis (na famosa defesa de Marcos no chute de Marcelinho Carioca). Daquela vez foi o Boca Juniors a derrotar os palmeirenses, na decisão. Em 2001, mais sucesso na Libertadores, mais uma vez o Boca pela frente, na semifinal. Foi o final de uma era de imenso sucesso, que foi prenúncio de tempos mais complicados.
Entre o fim da parceria com a Parmalat, o envelhecimento de uma geração vencedora e a falta de contratações do mesmo nível, o Palmeiras simplesmente se perdeu.
Vágner Love na Série B do BrasileiroMontou um time que não era time e, quase de um momento para o outro, saiu da condição de uma das equipes mais vencedoras do País para um time verdadeiramente fraco. A princípio, apenas fraco o suficiente para não fazer bonito, mas o que parecia impossível aconteceu: no Brasileiro de 2002, de tanto dar sopa, o Verdão terminou entre os quatro piores e teve que disputar a série B no ano seguinte. Serviu para chacoalhar as estruturas e provar que o caminho era outro: com uma equipe mais humilde, mais jovem e mais barata, o time trilhou o caminho duro da segunda divisão com a presença fiel de Marcos, além Magrão e do artilheiro daquele torneio, Vágner Love. Numa vitória por 2 x 1 sobre o Sport, veio a classificação à elite, que acabou servindo para unir a torcida mais do que nunca. O Palmeiras aprendeu a lição, e rápido. Com as próprias pernas, sem ajuda de nenhum tipo, voltou a ganhar o respeito do Brasil.
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