AMISTOSO DA SELEÇÃO: BRASIL 0 X 0 HOLANDA,SEM MEIO CAMPO NÃO DÁ
Um empate sem gols contra a atual vice-campeã mundial e algoz da última Copa do Mundo não é nenhum desastre. Ainda mais no final da temporada europeia e início da preparação para a Copa América. Melhor a realidade de uma disputa mais parelha que a ilusão das goleadas sobre oponentes inexpressivos de tempos atrás.
Mas apesar do pouco tempo de trabalho, a trajetória da seleção brasileira sob o comando de Mano Menezes já merece uma avaliação criteriosa, confrontando a proposta do treinador avalizada pela CBF e o desempenho da equipe até agora.
O maior desafio de Mano é tornar o Brasil efetivamente protagonista, jogando com autoridade diante de qualquer adversário e impondo seu estilo de jogo, condizente com a escola do país: toque de bola, postura ofensiva, união de beleza e eficiência. Arte e resultado.
Por que não consegue? Uma das respostas é simples: a infelicidade de não poder repetir a base ofensiva dos 2 a 0 sobre os Estados Unidos na estreia. As contusões em série de Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso inviabilizaram a manutenção do ousado e ajustado 4-2-3-1 e deixou bem claro para o técnico que a reposição não é tão simples, especialmente do camisa dez do Santos.
Aí está a constatação mais grave, que ficou muito clara no empate no Serra Dourada. Mano armou pela primeira vez a sua equipe num nítido 4-3-3. Robinho e Neymar pelas pontas alternando os lados, Fred no centro do ataque; no meio-campo, Lucas Leiva mais plantado, Elano pela direita e Ramires à esquerda. O Brasil tentou atacar no primeiro tempo, mas só entendiou e irritou.
Porque o meio não cria, não pensa, não tem o passe diferente que desmonta a marcação e facilita a entrada dos pontas em diagonal, dos companheiros que chegam ao ataque ou o passe preciso para o centroavante. Elano e Ramires cumprem seus papeis no esquema tático, podem até jogar juntos num 4-3-1-2 ou até no 4-2-3-1, com Elano à direita e Ramires como volante. Mas não como articuladores.
Mesmo contra a Holanda sem Van Bommel, Sneijder e Van der Vaart e sentindo o calor de Goiânia, o Brasil não conseguiu se impor. A falta de criatividade na intermediária travou a seleção porque Robinho e Neymar tiveram que recuar para criar e isolaram Fred. Para complicar, os laterais Daniel Alves e André Santos não podiam nem tentar compensar com apoio constante e simultâneo porque precisavam ser mais defensores em função do esquema brasileiro e da própria “Orange”, organizada por Bert Van Marwjik no mesmo 4-2-3-1 do Mundial da África do Sul: Robben e Kuyt pelos lados, Van Persie no comando do ataque e Afellay deslocado para a articulação central.
FONTE: ANDRÉ ROCHA(BLOG OLHO TÁTICO)
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