segunda-feira, 29 de março de 2010

ESPECIAL: A CBF NÃO QUERIA,DUNGA TAMBÉM NÃO,MAS RONALDINHO GAÚCHO ESTÁ PEDINDO PASSAGEM PARA A COPA

EM RECENTE PESQUISA,O JOGADOR TEVE 86% DE APROVAÇÃO PARA IR Á COPA

Ronaldinho Gaúcho já é tratado como um dos 23 jogadores que irão à Copa do Mundo por pelo menos parte da comissão técnica da seleção brasileira. Numa conversa com a PLACAR, um dos profissionais que trabalham com Dunga disse: "Nós sempre soubemos que ele voltaria à seleção. E o Ronaldinho também sempre soube disso. Ele sabia que jogaria de novo em alto nível quando tivesse uma sequência, como acontece agora".
Mesmo antes de recuperar o bom futebol e de ser tratado novamente como "presença necessária" no Mundial da África, Ronaldinho não se afastou completamente do time nacional. Praticamente toda semana o jogador do Milan fala pelo telefone ou troca e-mails com um membro do staff de Dunga. Enquanto Carlo Ancelloti treinava o time milanês (até a temporada passada), era comum Ronaldinho telefonar antes dos jogos em que não atuaria para avisar: "Estou bem fisicamente. Só não vou jogar por opção tática do treinador".
O preparador físico da seleção Paulo Paixão, também gaúcho e que trabalhou brevemente com Ronaldinho em seu começo de carreira no Grêmio, conta como funciona esse "intercâmbio" com os atletas "convocáveis". "Monitoramos nossos jogadores há três anos. Não é só com o Ronaldinho. Mantemos contatos semanalmente com todos os atletas selecionáveis para acompanhar sua preparação. Eles pedem orientações sobre coisas que precisam aprimorar", diz Paixão.
Manter os laços com Dunga e companhia é só uma das estratégias de um cuidadoso projeto elaborado por Assis, o irmão e agente, para Ronaldinho tentar ir à Copa da África. O primeiro passo era fazer as pazes com Ricardo Teixeira, pois Ronaldinho saiu do Mundial da Alemanha chamuscado. Assim como Ronaldo e Roberto Carlos, ele irritou o cartola pelo desempenho em campo e pelas baladas nas folgas - um dia após a eliminação diante da França, foi fotografado em êxtase numa boate perto de Barcelona.
Num golpe de sorte, Ronaldinho se reaproximou de Teixeira. Partiu do cartola a ideia de uma reunião para oferecer a ele a possibilidade de jogar a Olimpíada de Pequim para ganhar ritmo de jogo, após se recuperar de lesão (e virar uma espécie de garoto-propaganda da equipe na China). O dirigente estava num beco sem saída, com o time jogando mal e precisando dar uma satisfação à torcida, já que optara por não demitir Dunga.
O fato de a seleção fracassar (foi apenas medalha de bronze) não foi tão ruim para Ronaldinho. Ele arrancou alguns elogios da comissão técnica por se relacionar bem com os mais jovens. "Ele é um cara fantástico. Muito simples até, por tudo o que ele representa no futebol. Um verdadeiro líder", diz o volante Lucas, seu companheiro de quarto em Pequim.
Disputar a Olimpíada foi uma etapa importante para Ronaldinho cumprir outra meta do projeto rumo à África do Sul: manter um relacionamento razoável com Dunga, que chegou ao time nacional encarregado de afastar baladeiros como ele.
O jogador nunca se rebelou com o treinador, mas não engoliu ter que ficar na reserva depois da Copa da Alemanha. Quem convive com Ronaldinho diz que ele se sentiu desrespeitado por Dunga no começo do trabalho do treinador na seleção. Mas que, com o tempo, o chefe aprendeu a lidar com astros (caso também de Kaká). Dunga, na verdade, foi obrigado a rever sua posição, sobretudo depois que teve de aturar o presidente da CBF anunciando em rede nacional a ida de Ronaldinho para a Olimpíada...
Respaldado novamente pelo apoio popular , o combinado agora é evitar cobrar publicamente a vaga na Copa. "Para mim é difícil falar. Não quero que pareça pressão. O que o Ronaldinho fizer vai ser dentro de campo, ele não vai ficar falando em jogar o Mundial. Vai falar em ajudar o Milan a ser campeão", declara Assis, irmão, mentor e agente de Ronaldinho.
A sintonia que Ronaldinho exibe hoje com seu clube também é fundamental na sua recuperação. "Sabíamos que estávamos no caminho certo quando escolhemos o Milan, que lá ele poderia ter uma sequência de jogos. E carinho", afirma Assis, sobre a transferência de seu irmão do Barcelona, onde estava desgastado, para o clube italiano. Paciência talvez seja a palavra mais adequada (em vez de carinho) para explicar a relação dos milanistas com Ronaldinho. "O Sílvio Berlusconi [premiê italiano e dono do clube] liga sempre pra ele, o [vice-presidente Adriano] Galiani também está sempre o acompanhando. O Ronaldo chegou ao Milan depois de cinco meses sem jogar e eles sabiam que precisaria de tempo, tiveram compreensão," diz Assis.
"Não podemos passar por cima da Copa de 2006. O Ronaldo foi mal, mas e o que ele fez em 2002? As pessoas têm memória curta, mas o que ele fez nos últimos seis meses é exatamente o que fez em 11 anos de carreira na seleção brasileira", afirma Assis.
A convocação para jogar o Mundial 2010 seria a chance para o craque apagar a última impressão. Se triunfar em sua missão de ir à Copa, Ronaldinho terá, então, o desafio de brilhar num ambiente bem diferente daquele com que se acostumou, agora sem seus antigos amigos da turma do fundão. A menos que traga de carona Ronaldo, Roberto Carlos e companhia...
FONTE: REVISTA PLACAR

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