domingo, 5 de agosto de 2012

GATAS DE CHUTEIRAS: CONHEÇA AS MENINAS DA ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA FEMININA

MENINAS COMEÇARAM TIME SOMENTE COM OITO
FOTO: ADRIANA FRANCIOSI
O que primeiro chama a atenção é a profusão de cores.Sobre o verde da grama sintética, os marmanjos de saída viram o pescoço para admirar o indiferente pelotão de rosa. Uma a uma, as babylooks delicadas são cobertas por coletes largos e fosforescentes. Resta o multicolor artificial, das unhas e faixas de cabelo, e o natural, das pernas. Os shortinhos raramente diferem do preto clássico, mas abaixo deles o branco da pele - "bronzeados" de inverno, em Porto Alegre - mescla com os roxos. Uns de frio. Outros, rescaldos dos jogos passados.
Fica de fora o cinza. Do céu, o que ajuda a manter o termômetro abaixo dos 10°C, e dos galpões e vias da parte mais feiosa da cidade, no limite da Avenida Ceará, próximo ao aeroporto. Tudo convida a uma tarde de sábado de filme e pipoca embaixo das cobertas, mas as gurias da Associação Desportiva Feminina (ADF) estão correndo atrás da bola.
A expressão é quase literal. Não é à toa que as personagens desta reportagem, quando questionadas sobre a posição em que jogam, citam duas: atacante ou zagueira. São basicamente as que existem. Livres das formalidades de laterais, volantes, ou meias-armadores, elas se movem como dois exércitos um tanto caóticos de defensoras contra atacantes, e com facilidade as primeiras se tornam as segundas. Vai do local para onde a bola corre, perseguida por todas.
Além de rosa (é claro), a bola é um pouco menos cheia. A estratégia diminui a velocidade do jogo e a dor das boladas. Dado um aparente instinto feminino de já chegar chutando, as boladas são frequentes. Os pedidos de desculpa mostram bem o espírito de camaradagem da coisa toda.
- É a grande diferença entre o futebol delas e o dos homens. Elas não competem, jogam para se divertir - declara, à beira do campo, Rodrigo Gasparetto.
Gaspa (sim, um homem) é um dos personagens-chave na origem da ADF. O grupo nasceu na metade de 2011 entre os coffeebreaks do curso Kick Off, sobre futebol e negócios, promovido pela Perestroika. Conversando com meninas do curso, surgiu uma reclamação em comum. Para gurias, a oportunidade de jogar bola termina com o Ensino Médio. Depois, são raras as chances do "futebol de firma", aquele esporte praticado pelos homens com regularidade, mas sem compromisso.
Junto com a estudante de Direito Estela Rocha, Gaspa organizou um amistoso da mesma forma que os jogos acontecem até hoje: a quadra é reservada e o evento criado no Facebook. Se um número suficiente de meninas clicar em "comparecer", o jogo é confirmado. Então é só aparecer no local marcado com dinheiro para a vaquinha da quadra.

- No primeiro jogo, apareceram oito meninas. Ainda foi preciso usar meninos como goleiros. No segundo, com 12, já conseguimos formar dois times. No terceiro, apareceram 30 gurias. Aí começamos a levar a coisa a sério - conta Estela.

INFORMAÇÕES: CAUÊ FONSECA/PORTO ALEGRE

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